* Fonte: Revista Panorama Rural (Texto e fotos: Ariosto Mesquita)
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No Brasil há apenas 11 anos, raça se adapta bem às fronteiras pecuárias e ganha cada vez mais adeptos. Rebanho Senepol na Fazenda Água Limpa: tolerância ao calor em pasto aberto, sob o forte sol do MT.
Alta adaptabilidade ao clima tropical, dupla aptidão, precocidade e longevidade sexual, resistência a parasitas, temperamento extremamente dócil e bons resultados em criação a pasto ou confinamento.
Estas são algumas características que vêm fazendo do gado Senepol uma das novas sensações da moderna pecuária brasileira. Mesmo ainda pequena em representatividade no contexto nacional (primeiros animais chegaram ao Brasil em 2000), a raça se expande em uma velocidade invejável.
A Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) estima que seu crescimento chegue perto ou mesmo supere a casa dos 100% ao ano levando-se em conta não só o rebanho, mas também a sua genética, novos criadores e desenvolvimento zootécnico.
O número de criadores sócios da entidade, que em dezembro de 2010 era de 64, pulou para 83 na primeira quinzena de outubro com a previsão de que feche o ano ao redor de 100 pecuaristas.
De acordo com o coordenador de marketing da Associação, Carlos Magno Júnior, em 2010 a raça era criada em 11 estados brasileiros e pode chegar a dezembro deste ano marcando presença em 15.
Outros números atestam esta ascensão.
“Em 2010 foram comercializadas 93 mil doses de sêmen, volume 25% superior a 2009. Caso seja mantido este mesmo desempenho, devemos fechar 2011 com algo em torno de 130 mil doses”, avalia Júnior.
Leilões – A demanda em leilões também é crescente. A entidade contabilizou R$ 28 mil em remate de fêmeas jovens em 2010. Em 2011, até meados de outubro, o valor já superava R$ 36 mil.
O coordenador de marketing da Associação, que tem sede em Uberlândia, MG, calcula que o rebanho Senepol POI brasileiro seja hoje de 11 mil cabeças, chegando a 30 mil animais computando os resultados de cruzamentos com absorção.
“São números controlados por nós com base em informações dos associados”, lembra.
Na sua avaliação, dois fatores estão sendo fundamentais para que a raça atraia cada vez mais criadores.
“Primeiro é o fato da demanda ser maior que a oferta, o que é um sinal verde para investimentos. O segundo é a excelente adaptação desta raça pura taurina à fronteira centro-norte da pecuária brasileira”, ressalta.
Como meta de trabalho, a diretoria da associação tenta viabilizar a instalação da raça em todos os estados brasileiros ou pelo menos em todas as principais fronteiras de criação. Além disso, está focada na estabilidade do rebanho nacional como referência no mundo, potencializando a produção de touros nacionais.
Para atestar o potencial do Senepol e sua adequação às condições brasileiras, a Panorama Rural foi conhecer de perto o sistema de aprimoramento genético do pecuarista Jair Santos, em Itiquira, no sul do Mato Grosso.
Considerado pela ABCB Senepol como o maior criador individual da raça no mundo, ele mantém um rebanho POI de aproximadamente mil cabeças na Fazenda Água Limpa, de 700 hectares, distante aproximadamente 50 km da divisa com o Mato Grosso do Sul.
Santos tem raiz familiar na agricultura e é proprietário de três unidades de fertilizantes em Rondonópolis, mas foi a pecuária que lhe encantou. Também possui uma propriedade (Fazenda Cachoeira) em Paranatinga, Centro-Leste do Mato Grosso com animais meio sangue e produção de Senepol por absorção.
Já na Fazenda Pimenteira, em Santo Antônio do Leverger, no Pantanal do Mato Grosso, trabalha com animais meio sangue, PO e 3/4 Senepol.
Banco genético – Seu rebanho individual Senepol, portanto, reúne perto de 1.500 animais POI e mais 1.500 cabeças entre 3/4 e 7/8. A Fazenda Água Limpa, em Itiquira, é onde Jair Santos concentra o que há de melhor na genética da raça, trabalhando com cria e recria (até touro), transferência de embriões (FIV), inseminação e cobertura a pasto.
Em termos de comercialização vende tourinhos jovens, doadoras, novilhas, prenhezes, sêmens e embriões congelados…