Leite & Corte

* Fonte: Revista InteRural – Nº 47 – Setembro – Ano 2011

Na atividade leiteira, o bezerro macho nunca foi um produto interessante para produtores. O que confirma essa informação são os nomes dados a estes animais, normalmente chamados de (dependendo da região): tucura, gabiru, guaxo, refugo, etc. O mercado é soberano, valoriza pouco o tucura devido ao seu baixo potencial de desempenho para a atividade pecuária de corte. O que é problema pode ser uma oportunidade de renda adicional ao negócio leite, a mudança do touro pode mudar este cenário e agregar valor à produção.



Bezerra meio sangue Senepol x Girolando


A prioridade da atividade é o leite. São as fêmeas as produtivas, o macho é uma carta fora do baralho. Mas o que o produtor precisa entender é que existe um demanda crescente por bezerros de corte, de composição genética, sobretudo ¾ taurina, que são altamente valorizados pelo mercado. Esta composição ¾ taurina, segundo a literatura e especialistas, são os animais ideais para terminação precoce e produção de carne de qualidade.

Exemplificando, em um rebanho de matrizes Girolando ½ sangue (50% Gir + 50% Holandês), se a opção for por um touro zebuíno, as crias serão animais ¾ zebuínos e, como a atividade é leiteira, os bezerros machos desmamados serão vendidos. Quem os compra para terminação sabe que serão tardios e não se enquadrarão no perfil “novilho precoce”. Por ser tardio, sofre deságio em seu preço de venda da ordem de 10 a 30% em relação a um animal puro zebuíno voltado para corte. 

Agora se a opção for por um touro Senepol, as crias serão animais ¾ taurinos, porém, como a raça Senepol é dominante, esses bezerros terão: pelo zero, em sua maioria mocha, padronizada em pelagem e score corporal, precoces, desmamarão pesados e terão alto valor de revenda no mercado. Como a atividade é leiteira, ao desmamar esses animais, o produtor conseguirá uma receita líquida superior à do bezerro tradicional, podendo, assim, investir em genética para potencializar seu rebanho leiteiro. Os bezerros com sangue Senepol recebem um ágio no valor de venda da ordem de 30 a 40% quando comparados com zebuíno puro voltado para corte.

 

 

Bezerra meio sangue Senepol x Girolando

A opção por mudar o touro reflete diretamente no bolso do produtor. O touro é a ferramenta de produção, investir em touro é garantir a venda das crias. Fazendo um comparativo entre um touro convencional e um touro Senepol, o resultado financeiro justifica o investimento.

Em resumo, o valor imobilizado no touro, quando se apresenta ao mercado crias diferenciadas para corte, automaticamente é revertido em lucro, dado à demanda por esses animais e pela diferença obtida na venda dos mesmos. O produtor tem que focar na atividade que gera receita mensal a ele, que é o leite, porém, com a opção de mudança do touro, ele poderá obter lucro onde antes o descarte/refugo era uma rotina. Integrar leite e corte é uma opção de renda viável quando se potencializa a barriga das fêmeas, faz-se um manejo sanitário e nutricional correto e oferece ao mercado produtos de qualidade, que vão garantir resultados positivos de ponta a ponta na cadeia, desde a produção do bezerro à produção de cortes precoces.

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