I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol termina focando genômica e melhoramento

O segundo dia do “I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol”, que aconteceu no Parque de Exposições Camaru, em Uberlândia/MG, entre os dias 5 e 6 de setembro, teve como foco o melhoramento genético bovino. A série de palestras foi aberta pelo superintendente Técnico da ABCB Senepol, Celso Menezes, que falou sobre a importância do Serviço de Registro Genealógico para formação de rebanhos puros da raça. O registro é um dos pilares do Programa de Melhoramento Genético da Raça Senepol (PMGS), lançado este ano. “Somente o Registro Genealógico Oficial emitido pela ABCB Senepol, credenciada pelo MAPA, obedecendo toda a regulamentação e pré-requisitos determinados por ele, garante a identidade verdadeira do animal, é como se fosse sua Carteira de Identidade, emitida pela Secretaria de Segurança Pública ou pelo órgão devidamente credenciado pelo governo, é o documento imprescindível para qualquer ação do nosso cotidiano.”, esclarece. Ressalta ainda, que as informações contidas no Registro é que podem garantir avaliações sem vícios, evitando erros estratégicos que desencadeariam um prejuízo enorme para a raça no processo de melhoramento.

Na sequência, o painel “Programa de Melhoramento Genético da Raça Senepol -PMGS, Provas Zootécnicas e Avaliação de Desempenho” trouxe palestras com especialistas que reforçaram a importância da coleta de dados do rebanho e das provas de desempenho. O zootecnista do BrasilcomZ, William Koury Filho, ministrou palestra sobre a importância da avaliação intra-rebanho. Foram apresentadas ferramentas de avaliação visual, como o método EPMURAS, que leva em conta características morfológicas relacionadas à eficiência produtiva e reprodutiva dos bovinos. Cada característica recebe uma nota, que é utilizada em diversas situações, como provas de ganho em peso e no processo de seleção das fazendas. “Não existe o animal ideal, mas sim os mais adequados para o sistema de produção. O selecionador precisa olhar para a pecuária comercial para compreender o tipo de animal que o mercado quer. E quanto mais avaliar o rebanho maior será a qualidade nos currais e, assim, o criador consegue ofertar produtos de qualidade para a indústria.”, diz Koury.

Os testes de desempenho para seleção de touros também foram apresentados durante o Seminário. Cristiano Leal, da CRV Lagoa, falou sobre a prova de desempenho CP Lagoa, que já avaliou mais de 1.500 animais de 56 criatórios e nove Estados brasileiros. “Os testes de performance são uma importante ferramenta para identificar animais de alta qualidade. Toda a bateria Senepol da central é 100% avaliada.”, diz Leal.

Como o Senepol é uma raça que vem sendo muito utilizada nos cruzamentos industriais por ser precoce e apresentar grande qualidade de carcaça, a especialista Liliane Suguisawa, da DGT Brasil, falou sobre o uso da ultrassonografia como ferramenta de avaliação de carcaça. “O Brasil tem poucos animais avaliados pela ultrassonografia, mas esta é uma ferramenta que nos permite avaliar características complementares na seleção e que são importantes para atender a indústria, como área de olho de lombo e espessura de gordura. Sem um bom acabamento de gordura, não é possível produzir carne macia. Carcaças nesse nível são penalizadas pela indústria”, enfatiza.

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gilberto Menezes, apresentou a prova PADS, que está em sua sexta edição e já avaliou mais de 700 animais. Hoje, a prova é a pasto e engloba machos e fêmeas. “O objetivo é fomentar o uso de touros jovens nos rebanhos, contribuindo para a redução do intervalo de geração e, consequentemente, para o progresso genético da raça”, diz Gilberto. Já o titular do criatório Grama Senepol, Júnior Fernandes falou sobre o case de sucesso do Safiras, que existe desde 2009. “O programa tem o objetivo de identificar o real potencial genético e econômico de cada novilha da raça, independente de sua beleza, pedigree ou criatório de origem.”, explica Fernandes.

O Seminário foi finalizado com palestras dos painéis “Melhoramento Animal: Avaliação e seleção genética” e “PMGS – Genômica Aplicada”. O diretor e geneticista chefe da AGI (subsidiária da American Angus Association), Stephen Miller, por videoconferência, direto dos Estados Unidos, falou sobre a experiência norte-americana com o uso da genômica para seleção da raça Angus. Já o norte-americano Tad Sonstegard, da empresa especializada em edição de genes, ministrou palestra sobre o Gene Slick, que é um importante diferencial da raça Senepol.

 Já o pesquisador Gilberto Menezes apresentou a experiência brasileira com o melhoramento da raça. A genômica está entre os pilares do Programa de Melhoramento Genético da Raça Senepol-PMGS, lançado este ano. O professor da Unesp, José Fernando Garcia, falou sobre o nivelamento dos conhecimentos sobre genômica para a raça Senepol. A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Fabiane Siqueira, abordou uma característica pesquisada pela Embrapa Gado de Corte, que é a dupla musculatura. Fechando o painel Francine Campagnari, gerente comercial da Neogen – Deoxi Operations, destacou a importância da genômica dentro do PMGS. “A introdução da genômica como ferramenta auxiliar no processo de melhoramento do Senepol, representa um importante salto genético e econômico para a raça. Esta tecnologia irá imprimir maior pressão no processo de seleção genética através do uso de animais jovens (machos e fêmeas) com DEPs de alta acurácia.”, diz Francini.

Fechando o Seminário, o professor Bento Ferraz, reforçou a necessidade de o criador saber qual o foco da seleção e de melhorar os índices de produção, pois o Brasil ainda sofre com baixas taxas de desfrute.

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