Como a genômica e qualidade dos dados fenotípicos coletados influenciam o melhoramento genético do Senepol

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O avanço genético de diversas raças bovinas de corte, dentre elas a Senepol, ocorrido nas últimas décadas contribuiu para o Brasil assumir o posto de um dos maiores polos mundiais de genética bovina. O uso de novas tecnologias na seleção animal viabilizou esse melhoramento genético do rebanho e a expectativa dos pesquisadores da área é que os avanços serão ainda maiores nos próximos anos. “Graças ao desenvolvimento recente de ferramentas analíticas que permitem analisar simultaneamente dezenas de milhares de pontos do DNA de um animal (também chamados marcadores ou SNPs), está ocorrendo uma verdadeira uma revolução nos processos envolvidos com o melhoramento genético dos animais. Essas ferramentas permitem gerar um ‘raio-X genético’ de cada animal com muita precisão. Como uma raça composta, o Senepol deve se beneficiar em múltiplos aspectos pelo uso da genômica em suas ações de Melhoramento Genético”, assegura o professor da UNESP Araçatuba e membro do Conselho Deliberativo Técnico da raça, José Fernando Garcia.

Segundo ele, a união da informação genômica com medidas fenotípicas de diferentes naturezas (peso, tipo, precocidade sexual, eficiência alimentar, qualidade da carne, dupla musculatura, presença de chifre, tolerância ao calor, resistência ao carrapato, etc…), permitirão a geração de um novo nível de informação, que pode ser utilizado para a seleção e o melhoramento dos animais com muita eficiência. “Com a incorporação da genômica ao PMGS, a ABCB Senepol está dando um passo fundamental para o posicionamento correto da raça no Brasil e no mundo, que é o de produzir carne de qualidade em ciclo curto e nas condições tropicais brasileiras, ao buscar institucionalizar e modernizar as ações envolvidas na seleção e no melhoramento genético da raça”, destaca.

Entre as vantagens que a genômica trará para a raça, estão: a perfeita determinação dos níveis de endogamia, variabilidade e diversidade genética dos rebanhos; A determinação da composição racial individual dos animais; Maior acurácia das DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) calculadas pelo Programa; Identificação rápida e precisa do potencial de transmissão de características desejáveis (termotolerância – gene Slick) e indesejáveis (musculatura dupla), permitindo o controle de sua ocorrência através de acasalamentos dirigidos pela informação genômica; Determinação da paternidade dos animais para o correto registro genealógico (ainda pendente de alteração da legislação vigente no Brasil);

Qualidade dos dados coletados

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gilberto Menezes, que coordena as avaliações genéticas do Senepol no PMGS, destaca que, para que uma seleção tenha êxito, é necessário que os indivíduos escolhidos como reprodutores sejam geneticamente superiores para as características de interesse. “Uma avaliação genética depende de vários fatores para gerar resultados acurados e confiáveis. O mais importante fator está relacionado com o principal insumo para a sua realização: os dados provenientes dos criatórios”, alerta. Segundo Menezes, a qualidade dos dados enviados ao programa é fundamental. O sucesso de um programa de avaliação genética depende da participação efetiva do criador. “É com o criador que o processo se inicia, através da coleta de dados, e é ao criador que caberá a decisão final sobre a seleção dos animais e a orientação dos acasalamentos”, diz Menezes.

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