Associações de criadores passam a definir critérios para avaliação de reprodutores

Instrução Normativa revisa procedimentos de avaliação zootécnica de animais inscritos nas centrais de coleta e processamento de sêmen

A partir de junho, as centrais de distribuição de material genético bovino, bubalino, ovino e caprino com finalidade comercial terão que atender a critérios de avaliação zootécnicos definidos pelas associações de criadores de cada raça.

Até então, esses parâmetros eram estabelecidos pelo próprio Ministério da Agricultura, sem a participação das associações, o que gerava distorções entre os diferentes programas de melhoramento.

“Às vezes, alguns critérios eram muito pesados para determinada raça e muito flexíveis ou de pouca importância para outras. Com a nova normativa, o Ministério da Agricultura está transferindo a responsabilidade de definição da maioria dos critérios para as associações, que conduzem o registro genealógico e os programas de melhoramento das raças”, explica Leandro de Carvalho Paiva, superintendente técnico da Associação Girolando.

A Instrução Normativa nº 13, publicada quinta-feira (5/3) no Diário Oficial da União, era uma antiga reivindicação do setor. Em nota, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) comemorou a nova regra e agradeceu a sensibilidade da ministra Tereza Cristina “ao entender que quem vivencia as raças é que deve orientar o direcionamento da seleção”.

Inclusão e diversidade

Representando os criadores da principal raça presente no rebanho nacional, o Nelore, a ABCZ já discute quais critérios de avaliação enviará ao Ministério da Agricultura. Com apenas 30% dos criadores de zebu inseridos em programas de melhoramento, a entidade estuda como definir regras que não prejudiquem a ampla maioria dos pecuaristas que lidam com raças zebuínas.

Josakhian também destaca a flexibilização oferecida pela nova instrução normativa. De acordo com as novas regras, será possível apresentar outras formas de comprovação de parentesco dos animais, desde que previamente aprovadas pelo Ministério da Agricultura.

Via de regra, as novas regras para inscrição de reprodutores em centrais de coleta e processamento de sêmen exigem a qualificação de parentesco via genotipagem.

“Isso é outra modernização. Antes, a qualificação de parentesco por DNA era feita por tipagem sanguínea, porque na época de edição da norma anterior a gente não tinha a tecnologia que a gente tem hoje”, observa o superintendente técnico da Associação de Criadores de Senepol, Celso Menezes.

Modernização

Na opinião do executivo da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Carlos Vivacqua, as mudanças são positivas. Ele destaca que “os programas de melhoramento foram se aperfeiçoando de tal maneira nos últimos anos que passaram a ter diversas características  de interesse econômico nos programas de melhoramento genético do produtor”, o que levou a exigência de uma maior especificidade de critérios para cada raça.

“O pesquisador, conhecendo o mercado e a parte genética dessas características, estabelece um índice. A partir daí, o mercado é soberano, optando entre os diversos índices já criados”, explica Vivacqua.

Ele lembra que as associações não poderão definir qualquer característica para o melhoramento dos animais, sendo necessário haver interesse econômico e superioridade em relação à base genética em questão.

Maior controle

Raça líder no mercado brasileiro de genética, com 5,8 milhões de dólares comercializados no ano passado, a Associação Brasileira de Angus espera obter maior controle do processo de seleção genética da raça no país.

A entidade já tem os critérios definidos para  apresentar ao Ministério da Agricultura em junho deste ano, parte deles baseados nas regras adotadas para a importação de material genético.

“Conforme a raça for progredindo a gente vai poder fazer uma análise do mercado e ir se adequando à demanda, tanto dos criadores quanto do mercado em si”, observa Mateus Pivato, gerente de fomento da associação.

As novas regras incluem a reavaliação dos reprodutores a cada dois anos, permitindo a atualização dos critérios de seleção por parte das associações. “Agora as associações poderão, ainda que anualmente, dizer o que elas compreendem ser os critérios mínimos de comercialização, que serão baseados no que seus associados esperam”, conclui Pivato.

Fonte: Globo Rural

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