Durante o Congresso Mundial da Carne, lideranças do agro destacaram o protagonismo brasileiro em sustentabilidade e cobraram que o Plano Clima traga metas realistas, sem penalizar quem já adota boas práticas ambientais.
A pecuária brasileira tem passado por uma transformação significativa, alinhando-se às exigências globais de sustentabilidade e preservação ambiental. O foco das discussões mais recentes é o Plano Clima que, segundo autoridades do setor, pode trazer tanto oportunidades quanto desafios.
Durante o Congresso Mundial da Carne, realizado entre os dias 28 e 30 de outubro, o Brasil reforçou seu protagonismo na produção de carne sustentável, unindo tecnologia, produtividade e preservação ambiental. O evento reuniu lideranças nacionais e internacionais da cadeia de proteínas animais e serviu como palco para discutir práticas que conciliam eficiência e respeito ao meio ambiente.
O Plano Clima, formulado sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, prevê metas de redução de emissões para o setor agropecuário. As emissões líquidas atuais da agricultura e pecuária são estimadas em cerca de 1.393 MtCO₂e, sendo 46,2% atribuídas a atividades agropecuárias propriamente ditas e 53,8% ao desmatamento em áreas de produção. O plano aponta redução de cerca de 36% até 2030 e entre 50% e 54% até 2035.
Pecuária brasileira se posiciona como modelo sustentável e cobra equilíbrio no Plano Clima
Durante o Congresso Mundial da Carne, lideranças do agro destacaram o protagonismo brasileiro em sustentabilidade e cobraram que o Plano Clima traga metas realistas, sem penalizar quem já adota boas práticas ambientais.
A pecuária brasileira tem passado por uma transformação significativa, alinhando-se às exigências globais de sustentabilidade e preservação ambiental. O foco das discussões mais recentes é o Plano Clima que, segundo autoridades do setor, pode trazer tanto oportunidades quanto desafios.
O Instituto Mato-grossense da Carne (IMAC) destacou que o estado mantém aproximadamente 62% de seu território sob cobertura vegetal ou conservação e prepara a cadeia produtiva bovina para apresentar ao mercado internacional um dossiê de avanços em sustentabilidade na semana anterior à COP 30.
“O Congresso Mundial da Carne é a chance de mostrar nossa pecuária a pasto, que sequestra carbono, e de fortalecer nossa imagem no exterior. Além disso, o evento ocorre na semana anterior à COP 30, em Belém. Vamos apresentar um dossiê mostrando os nossos avanços em sustentabilidade”, afirmou o diretor de projetos do IMAC.
No Mato Grosso, foi lançado o programa Passaporte Verde, coordenado pelo IMAC, que objetiva monitorar desde o nascimento até o abate os animais da cadeia bovina e bubalina, com critérios de rastreabilidade e socioambientais. O projeto está amparado pelo Projeto de Lei 1145/2025 e prevê implantação por etapas.
Enquanto isso, o governo federal lançou a ferramenta ABC+ Calc para quantificar emissões evitadas de gases de efeito estufa (GEE) em cadeias de produção animal, como suínos, aves e bovinos, em parceria entre o Ministério da Agricultura e Pecuária e outras instituições, reforçando o papel técnico da agropecuária no enfrentamento climático.
Entretanto, o setor agropecuário alerta que as novas versões do Plano Clima precisam ser realistas, transparentes e, acima de tudo, justas. A preocupação central é que as emissões provenientes do desmatamento ilegal não sejam atribuídas de forma equivocada e desproporcional a quem já adota práticas sustentáveis e cumpre a lei.
Os debates envolvendo o plano climático e suas implicações para a agricultura brasileira são urgentes. A Frente Parlamentar da Agricultura está atenta a essas propostas e deve trabalhar em defesa do setor, conforme enfatizado durante o evento.
Além disso, a apresentação de estudos da Embrapa Territorial sobre sequestro de carbono, que demonstram a eficiência e a viabilidade das práticas sustentáveis adotadas pelos pecuaristas, ressalta a necessidade de um diálogo aberto e fundamentado com o Congresso Nacional.
Mato Grosso continua sendo um exemplo de inovação no setor agropecuário, provando que é possível conciliar produção e sustentabilidade. À medida que a COP 30 se aproxima, a expectativa é que as discussões em torno do Plano Clima reúnam não apenas desafios, mas também a oportunidade de promover um futuro sustentável para a pecuária brasileira. A mobilização em torno deste tema é fundamental, pois o agronegócio é um pilar da economia do estado e do país.
O clamor dos produtores por serem ouvidos nos fóruns de sustentabilidade é um pedido por parceria e não apenas por regulação. A necessidade de aliar produtividade e práticas sustentáveis, conforme destacado pelo senador Wellington Fagundes, é o passaporte do Brasil para o mercado internacional da carne.
César Miranda, secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, enfatizou a importância de mostrar ao mundo a capacidade da pecuária mato-grossense de sequestrar carbono por meio de práticas sustentáveis. “O Congresso Mundial da Carne está sendo uma vitrine global, promovendo a imagem de que no nosso território o boi é verde”, destacou durante a presença no evento.
Durante a abertura do evento, Oswaldo Pereira, presidente da Acrimat, ressaltou que a proposta pode injustamente atribuir uma grande parte das metas de redução ao setor da pecuária. Ele argumentou que isso poderia desencorajar o avanço do setor, que já investe em inovações e tecnologia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade da produção.
Os avanços na integração lavoura-pecuária-floresta e no melhoramento genético bovino são exemplos claros de como a pecuária já contribui para o sequestro de carbono. As novas tecnologias estão permitindo que os pecuaristas produzam mais, ocupando menos área. Pereira destacou que os métodos de reforma de pastagens, juntamente com a rotação com soja, resultam em ganhos de produtividade e, consequentemente, em menor pressão sobre novas áreas.
A possibilidade de acesso a mercados exigentes, como o Japão e a Coreia do Sul, também foi destacada durante o Congresso Mundial da Carne. O Brasil, agora reconhecido como livre da febre aftosa sem vacinação, está em uma posição privilegiada para competir no mercado internacional.
Assim, os próximos passos serão decisivos para garantir que a pecuária brasileira siga contribuindo para a economia, respeitando as demandas sociais e ambientais que se tornam cada vez mais urgentes no contexto global.
Fonte: noticiasagricolas.com.br








