A rusticidade da raça Senepol vem ajudando os criadores do Rio Grande do Sul a vencer um problema sanitário comum na região: a infestação por carrapatos. Nesse cenário, o Senepol surgiu como uma ferramenta genética com capacidade para combater o problema que assola o estado, tira o sossego dos animais e suga o lucro dos pecuaristas. “Eu tinha uma propriedade com 150 animais e 50% eram receptoras. Não tinha sucesso nos embriões em função de muito manejo. O carrapato é muito agressivo e, com o campo alto, é impossível controlar a situação. Cheguei a banhar o gado de 12 em 12 dias no auge da temperatura e umidade. Decidi que vou ficar só com o Senepol PO e digo seguramente que os gastos com ectoparasitas vão diminuir 50% ou mais em função da redução da infestação”, destaca o criador Paulo Moura, da Agropecuária Triunfo, que fica em Santo Antônio das Missões/RS.
Na Cabanha JN Senepol do selecionador Julio Cezar Nunes Ortiz, localizada em Cachoeira do Sul, os resultados alcançados com o rebanho também são motivo de comemoração. “O Senepol é mais uma boa opção de genética para os produtores gaúchos. Criamos os animais em um ambiente rústico, campo nativo, no meio da geada e, ainda assim, eles engordam muito rápido”, conclui Ortiz. Há dois anos, depois de conhecer e pesquisar o Senepol, ele decidiu investir em matrizes e touro oriundos de criatório paranaense para variar a produção. “O resultado tem sido excelente. Já são quatro crias, nascidas em pleno inverno, enfrentando até geada. A ideia era vencer o paradigma da adaptação, alcançando as principais qualidades da pecuária, como fertilidade, rusticidade, precocidade e resistência aos carrapatos. Fico bem satisfeito de dizer que os touros permaneceram no campo sem emagrecer e produzindo terneiro para a gente”, conta Julio.
Na Cabanha Madezarte – Senepol da Coxilha, de Horizontina, no noroeste gaúcho, os animais Senepol foram escolhidos como uma nova ferramenta para otimizar o desempenho do rebanho da propriedade. O projeto é trabalhar a reprodução com avaliações, e, para isso, os proprietários optaram pelo programa Geneplus/Embrapa. “Vamos trabalhar com embriões, avaliar bem os animais, separar e ficar com os melhores. Além da seleção, o projeto é usar o Senepol no cruzamento industrial, com fêmeas Angus e Nelore, na monta natural”, diz Luciane Goelzer, que, junto com o marido Fábio Fernandes, a filha Amanda Mohara Goelzer e o genro Lucas Nicolau, conduz o Senepol da Coxilha.
As impressões de Lucas, que além de sócio do empreendimento atua como técnico da fazenda, reforçam os comentários anteriores. “Confiamos muito na raça. Conseguimos colocar até quarenta fêmeas para um touro Senepol e ele cumpriu bem o seu papel. Sem falar que o desempenho dos reprodutores foi avaliado e observamos que os touros chegam a alcançar, em cada salto, até trezentas doses de sêmen preparadas para a comercialização. É muita precocidade e eficiência somadas”, acrescenta Lucas.
E todos estão animados com o desenvolvimento do Senepol no Sul e impressionados com a facilidade de manejo que não exige demais no controle e no combate de parasitas. “Eles são muito rústicos e se adaptaram bem demais ao solo da Estância, que é muito rochoso e ainda tem várzea. Estamos no campo e o manejo vem se mostrando muito satisfatório”, conclui Luciane.